quinta-feira, 12 de março de 2015

MARILDA: UM EXEMPLO DE SUPERAÇÃO DENTRO DO FUTEBOL


Uma profissão incomum entre mulheres: massagista esportiva. Talvez pelo preconceito de ambas as partes, ou talvez pelo futebol ser um esporte, um tanto quanto, machista. Recentemente, o esporte provou que o preconceito ainda está presente. A médica do Chelsea, Eva Carneiro, vem sofrendo atos machistas nos estádios em que passa. Com cânticos sexistas, os torcedores presentes insultam e desrespeitam as mulheres que exercem as profissões relacionadas ao futebol.

Apesar de todos os empecilhos, Marilda Joana Ribeiro, 48 anos, escolheu seguir a profissão e a exerce com amor e muita competência, desde 2008, quando foi acolhida pela primeira vez no time do Grecal.

“Eu não sou casada, mas dentro da minha família sempre fui muito respeitada pelo meu trabalho. Eu sempre trabalhei no meio de homens. Eu também já trabalhei como segurança. Já estou acostumada. Quando eu vim para a área do futebol, me assustaram muito. Mas depois que eu vim, eu vi que não era como o pessoal falava”, conta.

Além de trabalhar nos gramados, Marilda também é técnica de enfermagem, socorrista e técnica em massoterapia. No Fanático, ela já completou três anos como massagista oficial e acompanha o time em todos os jogos. No país do futebol, a trabalhadora conheceu apenas uma colega que seguia sua profissão. 

“Eles me respeitam muito. Os profissionais que trabalham na área, independente de eu ser mulher, deram muita importância para o meu trabalho. O respeito deles comigo até foi maior. Todos os times que eu trabalhei sempre me receberam muito bem.  Os técnicos, os auxiliares, os jogadores, todos os presidentes dos clubes, então sou muito respeitada e sempre fui bem-vinda.  Na minha profissão, tinha uma de Minas Gerais, eu até procurei, mas não consegui falar com ela”, explica.

Marilda supera as barreiras do preconceitos em cada partida. Única mulher no grupo de profissionais do Fanático, a guerreira já enfrentou obstáculos ainda impossíveis de serem superados. Uma vez fez teste em um grande clube do estado, mas foi rejeitado pelo treinador da equipe pelo seu sexo. 

“Ele não permitiu que eu trabalhasse no time, mas foi à única vez que eu sofri algum preconceito por ser mulher. É um meio que sempre são homens que trabalham, talvez por isso. Para nós mulheres entrarmos nesse meio não é difícil, o difícil é mudar a visão. Então, para os técnicos mais velhos, mais antigos, acho que para eles não é machismo, é que talvez eles achem que os jogadores vão ficar envergonhados. Até porque nós trabalhamos com as mãos, tem que pegar em todo mundo. Então, eu acho que no ponto de vista deles, os jogadores vão ficar constrangidos e, na verdade, não é, porque para os jogadores o importante é que um bom profissional atenda eles. O sexo não importa", finalizou. 

No último domingo, Dia da Mulher, Marilda esteve em campo ajudando o time do Fanático a estrear com vitória diante do Nacional, por 2 a 0, fora de casa, na 52ª Taça Paraná. Que o exemplo desta guerreira ajude a quebrar barreiras sobre o preconceito sexista no futebol.



Por: @luanakaseker