quinta-feira, 2 de outubro de 2014

COMBATE BARREIRINHA: A QUEDA DE UM GIGANTE DA VIRADA DOS SÉCULOS

“Estou muito triste, chateado e envergonhado com o rebaixamento do Combate. Mas tenho certeza que o quanto antes o clube voltará à divisão especial e dará muitas alegrias a essa bela torcida”
Marcelo Maia


O clima de tristeza marcou o rebaixamento do Combate Barreirinha para a Série B do Futebol Amador neste sábado (27), no Recanto Tricolor. O Estádio, que durante os meados dos anos 90 até a temporada de 2013, foi palco de grandes conquistas do Tricolor, neste final de semana viveu um dos dias mais doloridos de sua história. A derrota por 3 a 2 para o Trieste rebaixou a equipe para a segunda divisão do Campeonato Amador de Curitiba.

A temporada de 2014 do Combate foi marcada pela instabilidade da equipe. Derrotas dentro de casa, ineficiência como visitante, transição na diretoria do clube, troca de treinador e a falta de “sorte” estiveram presente na campanha do clube. O elenco possuía peças fortes, experientes no futebol amador e com passagens por clubes profissionais, mas a falta de vitórias foi decisivo para a queda do Tricolor da Barreirinha.

A TRAJETÓRIA


Após conquistar a terceira posição na temporada passada, logo no início da caminhada de 2014, o Combate Barreirinha deu sinais que o ano seria complicado.  O elenco Tricolor começou o campeonato com duas derrotas em casa (Renovicente e Uberlândia) que custaram o emprego do treinador Marcelo Leôncio já na segunda rodada.

Foi neste momento que a instabilidade deu seus primeiros sinais na diretoria do clube. O até então gerente de futebol, Mario Ramos, assumiu a equipe interinamente até a comissão técnica contratar um novo treinador. Ramos comandou o time na terceira rodada (derrota por 3 a 0 para o Vila Hauer). Nesta semana, em questão de 24 horas, o Combate Barreirinha fechou com o treinador Cleverson Sagaz, que anunciou a contratação a imprensa, porém, após um desentendimento de projetos, o comandante nem chegou a se encontrar com o elenco e foi dispensado.

Mario Ramos assumiu então o posto de treinador e Edson Borges passou a comandar a gerência de futebol. Uma sequência de partidas complicadas marcou a melhor fase do time na temporada. Empate em 2 a 2 com o Santa Quitéria fora de casa, empate em 3 a 3 com o Novo Mundo no Recanto Tricolor e vitória sobre o Bangú novamente com o apoio da torcida. Parecia que o elenco tinha encontrado o caminho após passar invencível por três dos elencos mais fortes da competição, mas a instabilidade voltou ao clube.

Após conquistar a primeira vitória, o time encarou um confronto direto com o também ascendente Operário Pilarzinho, no Estádio Bortolo Gava. Depois de abrir vantagem no placar, o time tricolor não conseguiu administrar a vitória e viu o rival vencer de virada por 3 a 2. Superada a derrota, era hora de se redimir em casa, com o apoio do torcedor, porém, outro tropeço, 1 a 1 com o Urano. Na nona rodada, a necessidade de vitória era desesperadora e uma derrota por 2 a 0 para o Nova Orleans abalou a equipe.

Restavam apenas duas rodadas e o time só havia conquistado uma vitória e três empates em nove partidas. A situação era delicada, com a necessidade de vencer os dois últimos confrontos contra Trieste e Iguaçu. Mas, o destino quis que na tarde fria do dia 27 de setembro, o silêncio após o apito do árbitro fosse mais marcante que as comemorações dos dois gols marcados contra o Tricolor da Colônia, na derrota por 3 a 2. Com uma rodada de antecedência, o Combate Barreirinha está rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Amador de Curitiba.

“Escolhas erradas, aposta que não vingaram, alguns acontecimentos dentro e fora de campo, um elenco muito inchado em algumas posições e carente demais em outras, ou seja, várias coisas culminaram para tal resultado”
Mario Ramos

OS ENVOLVIDOS

Marcelo Maia

Uma das partes que mais sofrem com o rebaixamento de um clube é a sua torcida. O Combate Barreirinha conquistou muitos torcedores da década de 90 para cá, após os inúmeros títulos conquistados. Com seis troféus da Série A (1996, 1997, 1998, 2003, 2004 e 2007), o time é o terceiro maior campeão da Suburbana. Além dos títulos de campeão na virada dos séculos XX e XXI, o Tricolor da Barreirinha conquistou o vice-campeonato outras quatro vezes (2000, 2001, 2005 e 2006).

O elenco que o clube montou para a temporada deste ano chamou atenção no início do campeonato e nunca esteve entre os candidatos ao rebaixamento pelos entendedores do Futebol Amador. Com muita raça, os jogadores lutaram em todas as partidas pelas vitórias. Um dos símbolos da garra Tricolor é o meia Marcelo Maia, que já jogou no futebol profissional, e viveu um dos piores momentos da sua carreira.

“Nessa hora é difícil apontar o que faltou, talvez um pouco mais de equilíbrio emocional nosso nas partidas. A nossa equipe era ansiosa demais e se abatia muito quando tomávamos um gol. Também faltou nos impormos mais e ditarmos nosso ritmo de jogo em algumas partidas. Nossa motivação sempre era a melhor possível, nunca faltava determinação, vontade de nós jogadores, porém, o resultado não acontecia”, desabafou o entristecido jogador.

O treinador Mario Ramos foi um dos mais exigidos por assumir o comando da equipe em um momento delicado. O jovem comandante conseguiu extrair bons momentos do elenco, porém, não conseguiu a esperada sequência de vitórias.

Mario Ramos
“Justiça no futebol é bola na rede, são os três pontos. É claro que não temos um dos piores elencos, mas nem só de bons jogadores se vive um clube. Nós tivemos uma evolução sim, não se pode negar, porém, só jogar bem não vale nada, você tem é que ganhar os jogos. Esta diretoria fez um planejamento para trazer gente que goste do clube para cuidar também do futebol. Temos um planejamento de 2 a 3 anos, um rebaixamento não pode ser visto como o fim do mundo, mas também não pode achar que é normal. Eu já dei minha palavra para eles que estou junto com eles para ano que vem, seja de treinador ou de diretor”, disse Mario Ramos.

Para o diretor Alexandre Costa, o rebaixamento também não é visto como a pior coisa do mundo. O profissional ressaltou as evoluções do clube no primeiro ano de gestão e acredita no retorno do futebol a elite do amador já na próxima temporada.

“Não faltou comprometimento de ninguém, nem do elenco e nem da diretoria. Às vezes as coisas não dão certo independente de elenco. O clima está tranquilo, estamos focados em melhorias para o clube. Caímos no futebol e no próximo ano voltamos, mas tivemos muitas vitórias internamente no clube. O Combate está mais forte ainda porque o clube esta em crescimento!” finalizou o dirigente.


O Combate Barreirinha volta a campo neste sábado (4) para a disputa da última rodada da primeira fase da Suburbana. Na lanterna do campeonato, há quatro pontos do primeiro time fora da zona de rebaixamento o clube não tem mais chances de continuar na Série A do amador. A partida ocorre no Estádio Egydio Pietrobelli contra o Iguaçu.

Na próxima temporada o time disputará a Série B do Campeonato Amador e brigará pelo tricampeonato da competição. Em 1986 e 1989 o clube passou por esta situação e sagrou-se campeão.